Em primeiro lugar, é importante reconhecer que o TAG – transtorno de ansiedade generalizada vai muito além do estresse comum ou de uma preocupação pontual. Trata-se de um estado mental em que a ansiedade é constante, difusa e difícil de controlar, como se o cérebro estivesse sempre esperando que algo ruim estivesse prestes a acontecer.
Diferente da ansiedade cotidiana, que surge diante de situações específicas, o TAG se instala como uma névoa persistente. Ou seja, mesmo quando tudo parece estar bem, a mente encontra motivos para se manter alerta. Preocupações com o trabalho, a saúde, a família, o futuro — tudo pode ser motivo de inquietação. O corpo, em resposta, entra em modo de sobrevivência, mesmo sem haver uma ameaça concreta.
Como reconhecer os sinais do transtorno de ansiedade generalizada?
Antes de tudo, é preciso saber que os sintomas do TAG nem sempre são interpretados como parte de um transtorno. Muitas pessoas acreditam que viver preocupadas, tensas ou exaustas emocionalmente é apenas um traço de personalidade. Contudo, os sinais são bem específicos:
– Dificuldade de concentração, como se a mente estivesse sempre ocupada demais;
– Sono leve ou insônia, mesmo com exaustão física;
– Tensão muscular constante, especialmente na mandíbula, ombros e pescoço;
– Irritabilidade frequente, sem motivo claro;
– Sensação de cansaço extremo, como se nunca houvesse descanso suficiente.
Em outras palavras, o corpo vive em estado de prontidão, como se houvesse um alarme interno que nunca desliga. Esse padrão afeta profundamente a qualidade de vida e, com o tempo, pode desencadear outras condições emocionais, como depressão, fobias e até problemas físicos, como gastrite e dores crônicas.
O que a neuropsicologia nos diz sobre o TAG?
Segundo pesquisas recentes da neurociência, pessoas com TAG apresentam hiperatividade em áreas do cérebro ligadas à vigilância e ao medo, como a amígdala e o córtex pré-frontal ventromedial. Isso significa que o cérebro de quem sofre com esse transtorno interpreta estímulos neutros como ameaçadores, reagindo como se estivesse sempre sob ataque.
Além disso, há uma desregulação na comunicação entre áreas cerebrais responsáveis por filtrar informações relevantes e manter o equilíbrio emocional. Como resultado, o sistema nervoso simpático permanece ativado por longos períodos, levando à exaustão física e mental.
Como a Terapia Cognitivo-Comportamental trata o transtorno de ansiedade generalizada?
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes no tratamento do TAG. Ela ajuda o paciente a identificar padrões de pensamento distorcidos e a substituí-los por interpretações mais realistas e funcionais.
Por exemplo, se uma pessoa acredita que “algo ruim sempre vai acontecer”, a TCC ensina estratégias para questionar essa crença e desenvolver uma percepção mais equilibrada da realidade. Com isso, o cérebro aprende a reagir com menos alarme diante das situações do cotidiano.
Além da TCC, há abordagens terapêuticas complementares que têm mostrado resultados promissores. Entre elas, destacam-se o EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimento Ocular) e o Brainspotting, que trabalham com o processamento profundo de experiências traumáticas, memórias e emoções reprimidas.
Contextos traumáticos podem reativar o TAG?
Sim. Muitas vezes, o transtorno de ansiedade generalizada se intensifica ou se manifesta após eventos traumáticos — ainda que esses eventos não sejam lembrados de forma consciente. A mente, ao reviver inconscientemente o trauma, ativa os mesmos circuitos cerebrais associados à ansiedade. Ou seja, contextos aparentemente inofensivos podem servir como gatilhos emocionais que mantêm o ciclo da preocupação e do medo.
Nesses casos, técnicas como EMDR e Brainspotting têm se mostrado especialmente eficazes. Elas acessam regiões profundas do cérebro onde as memórias emocionais estão armazenadas, ajudando o paciente a reprocessar essas vivências e a liberar o corpo do estado constante de alerta.
Por que tantas pessoas ainda vivem com TAG sem saber?
Devido à natureza difusa dos sintomas, o transtorno de ansiedade generalizada é frequentemente subdiagnosticado. Muitas vezes, é confundido com estresse, cansaço ou simplesmente um “jeito de ser”. Além disso, existe uma tendência cultural de normalizar a sobrecarga emocional, o que dificulta o reconhecimento do problema.
Consequentemente, quem vive com TAG por anos sem tratamento adequado acaba se adaptando à dor, criando rotinas para controlar o medo, evitando situações, se isolando — e perdendo, pouco a pouco, a liberdade emocional.
A maior lição que a vida pode nos ensinar sobre o TAG
À primeira vista, o TAG pode parecer apenas um incômodo constante. Mas, na verdade, ele revela algo mais profundo: a dificuldade de confiar na vida, de relaxar, de estar no presente. Em outras palavras, o transtorno nos mostra o quanto a mente pode aprisionar o corpo em um ciclo de defesa, mesmo quando não há perigo real.
A maior lição talvez seja esta: aprender a ouvir os sinais do corpo, respeitar os próprios limites e buscar ajuda quando necessário. Afinal, não somos obrigados a viver em estado de guerra interna.
O caminho da cura passa pelo autoconhecimento e pela neuroplasticidade
Por fim, é importante destacar que a combinação da TCC com abordagens como EMDR e Brainspotting potencializa a recuperação. Isso porque essas terapias não atuam apenas nos sintomas, mas reestruturam circuitos cerebrais, promovendo neuroplasticidade — a capacidade do cérebro de se reorganizar e criar novas conexões mais saudáveis.
Logo, não se trata apenas de aprender a lidar com a ansiedade, mas de transformar a forma como o cérebro reage à vida. Estudos da neuropsicologia mostram que essa mudança é possível, duradoura e profunda, especialmente quando o tratamento é feito com constância e sensibilidade.
Perguntas e respostas sobre TAG
O que é transtorno de ansiedade generalizada (TAG)?
Em primeiro lugar, o transtorno de ansiedade generalizada é caracterizado por preocupação excessiva e persistente com diversas áreas da vida, sem um foco específico. Além disso, essa condição se distingue da ansiedade comum por sua cronicidade e intensidade.
Quais são os principais sintomas do TAG?
Por outro lado, os sintomas incluem dificuldade de concentração, insônia ou sono não reparador, tensão muscular constante, irritabilidade e cansaço extremo. Isso significa que o corpo permanece em estado de alerta mesmo quando não há perigo real.
Como o diagnóstico do TAG é feito?
Consequentemente, o diagnóstico deve ser realizado por um profissional de saúde mental, como psicólogo ou psiquiatra, com base em critérios clínicos e avaliação dos sintomas que persistem por meses e afetam o funcionamento diário.
O TAG tem cura?
Sendo assim, o TAG pode ser controlado e atenuado. Com terapia adequada e, em alguns casos, uso de medicamentos, é possível alcançar a remissão dos sintomas e viver com mais leveza mental.
Quais tratamentos são mais eficazes para o TAG?
Em outras palavras, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é referência, pois ensina a identificar e reformular pensamentos ansiosos. Além disso, abordagens complementares como EMDR e Brainspotting ajudam a ressignificar traumas e reduzir a hiperatividade cerebral associada à ansiedade.
Quando é indicado o uso de medicamentos?
Logo, os medicamentos como ISRS e IRSN são indicados quando os sintomas são intensos e impactam a qualidade de vida. Devido a isso, é essencial o acompanhamento de um psiquiatra para avaliação de benefícios e possíveis efeitos colaterais.
O TAG pode afetar a vida profissional e social?
Como resultado, o TAG compromete o rendimento no trabalho e nos estudos, devido à dificuldade de foco. Além disso, a irritabilidade e cansaço dificultam a convivência com família e amigos, afetando relações interpessoais.
Como buscar ajuda se suspeito ter TAG?
Portanto, se você se identifica com esses sintomas, o ideal é procurar um psicólogo ou psiquiatra. O caminho terapêutico favorece o autoconhecimento e, com isso, deixa de ser refém do sofrimento. Em outras palavras, ajuda a construir uma vida com mais leveza e equilíbrio emocional.
Sou Betila Lima – Psicóloga
Formada em Psicologia desde 2007, com formação em Neuropsicologia, Terapia Cognitiva Comportamental, Terapia de EMDR e Brainspotting.
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