Água limpa é, ainda hoje, tratada como um privilégio em boa parte do mundo. Em primeiro lugar, é fundamental entender que estamos falando de um recurso essencial à vida, à saúde, à dignidade humana — e não de um bem de consumo. No entanto, segundo a ONU, mais de 2,2 bilhões de pessoas ainda não têm acesso a água potável segura. Isso representa quase um terço da população mundial.
Ou seja, estamos longe de alcançar a meta 6.1 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que visa garantir o acesso universal e equitativo à água potável até 2030. E esse atraso não é apenas uma estatística. Ele se traduz em vidas perdidas, em doenças evitáveis, em sonhos interrompidos.

Por que a falta de água potável é uma crise silenciosa?
Acima de tudo, porque ela afeta silenciosamente os mais vulneráveis. Um estudo da World Health Organization (2023) aponta que comunidades sem acesso a água segura enfrentam maior risco de surtos de cólera, disenteria, hepatite A e febre tifoide. Além disso, a ausência de saneamento básico afeta de forma desproporcional as mulheres e meninas.
Durante o período menstrual, por exemplo, muitas adolescentes deixam de frequentar a escola pela falta de banheiros adequados. Isso interrompe ciclos educativos e amplia a desigualdade de gênero. Em outras palavras, a água que falta em casa também seca oportunidades de futuro.
Água potável é saúde pública, é educação, é dignidade
A falta de acesso à água limpa não é apenas uma questão ambiental. É um grave problema de saúde pública e desenvolvimento humano. Do mesmo modo que a fome compromete o corpo, a escassez de água compromete a alma de uma comunidade. Por fim, sem água, não há higiene, não há alimento, não há proteção básica contra doenças.
Consequentemente, garantir água potável é proteger infâncias, reduzir internações hospitalares, permitir que meninas permaneçam na escola, que mães lavem alimentos com segurança, que famílias tenham condições de vida minimamente dignas.
O retorno econômico de garantir água limpa
Além de moral e social, o investimento em água limpa é inteligente economicamente. Segundo o World Bank, cada dólar investido em saneamento gera um retorno de 4 a 7 dólares em produtividade, economia na saúde pública e melhoria da qualidade de vida.
Em outras palavras, investir em água não é caridade: é estratégia. É cuidar da base de qualquer estrutura social e econômica estável. Afinal, não há crescimento possível em um território adoecido e sedento.
Que soluções estão ao nosso alcance?
Garantir água potável para todos até 2030 exige mais do que boas intenções. Requer tecnologia acessível, governança eficiente e educação. Algumas soluções incluem:
– Sistemas de captação e filtragem de baixo custo;
– Reuso seguro de água em regiões secas;
– Educação para o consumo consciente;
– Fortalecimento da gestão hídrica local.
Ou seja, não basta levar água às torneiras — é preciso garantir que ela seja segura, constante e sustentável.
A água como símbolo de justiça e cuidado coletivo
Por fim, é importante lembrar que água limpa não é apenas um recurso. É um símbolo de justiça social, de cuidado coletivo e de dignidade humana. Negar esse direito é perpetuar ciclos de pobreza, adoecimento e exclusão.
Garantir acesso universal à água potável até 2030 não pode ser apenas uma meta burocrática. Deve ser um compromisso ético com a vida — com todas as vidas, especialmente aquelas historicamente negligenciadas.
Sou Betila Lima – Psicóloga
Formada em Psicologia desde 2007, com formação em Neuropsicologia, Terapia Cognitiva Comportamental, Terapia de EMDR e Brainspotting.
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