Decidir é morrer um pouco...

Decidir é morrer um pouco…

Decidir é morrer um pouco – especialmente quando a escolha envolve renúncia, dúvida e o medo de errar. Em muitos momentos da vida, tomar uma decisão vai além de uma simples escolha racional. Trata-se de enfrentar medos internos, romper com expectativas externas e, acima de tudo, aceitar que nenhuma escolha vem sem perdas.

Por que tomar decisões causa tanto sofrimento?

Primeiramente, é preciso compreender que decidir envolve deixar algo para trás. Toda vez que se escolhe um caminho, automaticamente se renuncia a todos os outros. E isso, por si só, já é uma pequena morte simbólica. Em outras palavras, decidir exige luto. Luto pelo que poderia ter sido, pelo que parecia mais seguro ou pelo que outros esperavam de você.

Ainda mais, o medo de errar aumenta essa carga emocional. Muitos evitam decidir não por falta de opções, mas por medo das consequências. Logo, essa hesitação muitas vezes paralisa.

O que acontece quando evitamos tomar decisões importantes?

Apesar disso, não decidir também é uma decisão. E, frequentemente, ela tem um custo alto. Ao se esquivar de uma escolha, a pessoa acaba sendo levada pelas circunstâncias, permitindo que o tempo ou terceiros decidam por ela. Consequentemente, perde o controle sobre sua própria trajetória.

Nesse sentido, viver sem decidir é como entregar o volante da própria vida a um estranho. Por isso, a procrastinação de decisões importantes gera ansiedade, frustração e, com o tempo, arrependimento.

Como o cérebro reage diante de uma escolha difícil?

Segundo estudos da neurociência, o cérebro humano não gosta de incertezas. Assim como tenta evitar a dor física, ele também evita a dor emocional que pode surgir de uma má escolha. O córtex pré-frontal, responsável pelas decisões racionais, entra em conflito com o sistema límbico, que busca proteção e estabilidade.

Como resultado, surge o famoso “looping do E se…?”. E se der errado? Por acaso, se eu me arrepender? Se eu for julgada? Esse excesso de análise pode gerar paralisia – uma espera silenciosa disfarçada de prudência.

Por que a busca por certezas atrasa tanto nossas escolhas?

A princípio, buscar certezas parece sensato. No entanto, na realidade, raramente existe uma garantia absoluta. Isso significa que quem espera pela certeza antes de agir acaba perdendo tempo – e, muitas vezes, oportunidades.

Analogamente, é como quem espera todas as luzes do semáforo ficarem verdes antes de sair de casa. A vida exige movimento, mesmo com dúvidas. Portanto, tomar decisões conscientes, mesmo sem todas as respostas, é um ato de maturidade e coragem.

Como lidar com o medo de se responsabilizar pela própria escolha?

Em muitos casos, o que impede uma decisão não é a falta de opção, mas o receio de lidar com as consequências. Ou seja, ao decidir, você se coloca como protagonista. E isso assusta, principalmente para quem cresceu tentando agradar os outros ou se moldando às expectativas externas.

Entretanto, viver de forma autêntica exige assumir riscos. Assumir a responsabilidade por suas decisões também significa se libertar das amarras da aprovação alheia. Afinal, você é quem sente os resultados na pele – não os outros.

O que é mais doloroso: escolher ou viver com o vazio da omissão?

Dessa forma, surge uma reflexão poderosa: o que dói mais? A dor de uma escolha que pode trazer arrependimento, ou o vazio de uma vida vivida sem escolhas conscientes?

Eventualmente, o tempo passa e, sem perceber, você já está vivendo as consequências do que não decidiu. O silêncio da omissão também tem voz. Ele grita, arrependimentos calados e chances perdidas.

Portanto, por mais difícil que seja decidir, é ainda mais angustiante olhar para trás e perceber que não viveu plenamente por medo de errar.

Como tomar decisões mesmo sem ter todas as respostas?

Antes de mais nada, é importante aceitar que nem toda decisão será perfeita. Aliás, a perfeição não é o objetivo. O essencial é que a escolha esteja alinhada com seus valores, suas verdades e o que faz sentido para você naquele momento.

Assim também, é preciso abandonar a ideia de que coragem é ausência de medo. Coragem é agir mesmo com medo. Caminhar com a dúvida ao lado, mas não permitir que ela conduza a jornada.

Ao escolher com autocompaixão, você se permite errar, aprender e ajustar o caminho depois, se necessário. Decidir, nesse caso, é um ato de amor-próprio.

Quais ferramentas ajudam na hora de decidir?

A seguir, algumas práticas que podem apoiar na tomada de decisões difíceis:

  • Silêncio intencional: reserve momentos para escutar o que seu corpo e coração dizem.
  • Escrita reflexiva: escreva os prós e contras, mas também o que cada opção faz você sentir.
  • Conselhos seletivos: ouça opiniões, mas filtre aquilo que realmente ressoa com você.
  • Visualização: imagine cada cenário e observe como você se sente nele.
  • Respiração consciente: use técnicas simples para reduzir a ansiedade antes de decidir.

Essas ferramentas não eliminam a dor de decidir, mas oferecem clareza emocional e mental. Com isso, suas decisões se tornam mais autênticas e conscientes.

O que muda em nossa vida quando aprendemos a escolher?

Sobretudo, aprender a decidir transforma a relação com nós mesmos. Passamos a confiar mais em nossas percepções, a respeitar nossos limites e a agir com mais liberdade. Ao decidir, você afirma: “Eu assumo as rédeas da minha vida.”

E mesmo que a escolha traga dor, ela também traz sentido. Ela movimenta. Ela ensina. E, ao longo do tempo, fortalece.

Analogamente, viver é como navegar: nem sempre dá para prever a direção do vento, mas você sempre pode ajustar as velas.

Concluindo,

Por fim, decidir é morrer um pouco, sim – mas é também nascer um tanto mais consciente, mais inteiro, mais dono de si. Cada escolha elimina caminhos, mas abre possibilidades. E é nessa dança entre perdas e ganhos que a vida acontece.

Ou seja, não há decisão sem dor, mas também não há crescimento sem escolha. Mesmo quando o medo apertar, mesmo quando a dúvida pesar, permita-se escolher. Porque viver de verdade exige presença – e presença exige decisão.

Portanto, abrace suas escolhas, mesmo imperfeitas. A coragem não está em acertar sempre, mas em não abandonar a si sir medo de errar. A vida é feita de passos – e cada passo começa com uma decisão.

Sou Betila Lima – Psicóloga

Formada em Psicologia desde 2007, com formação em Neuropsicologia, Terapia Cognitiva Comportamental, Terapia de EMDR e Brainspotting.

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